quinta-feira, 28 de abril de 2011

Assembleia aprova Conselho de Comunicação na Bahia

 
Pedro Caribé
Observatório do Direito à Comunicação

A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou reforma administrativa do poder executivo nesta quarta-feira, dia 27, na qual o Conselho de Comunicação Social foi um dos pontos referendados. A proposta do Conselho foi enviada pelo executivo após ser gestada por consenso num Grupo de Trabalho, em 2010, com a presença de membros do governo, empresários e organizações da sociedade civil.
Também foi aprovada pelos deputados a criação da Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), bem como a transferência do Instituto de Radiodifusão Pública da Bahia (Irdeb) da alçada da Secretaria de Cultura para a nova Secom. Diferente do conselho, ambas as medidas foram alvos de críticas mais contundentes da sociedade civil que não participaram do processo decisório. No caso do Irdeb a emenda parlamentar que efetuou a mudança abre brechas para pedido de inconstitucionalidade, podendo ser revertida e reverberar por toda reforma.
As mudanças na política de comunicação do estado se iniciaram durante os debates da Conferência Estadual em 2008, onde o conselho e a secretaria foram demandas apontadas pelas resoluções.
No caso do Conselho, o projeto de lei delineou finalidades consultivas e deliberativas. Sua composição será de 20 membros da sociedade civil e sete do poder executivo, incluindo a presidência vitalícia da Secom. O órgão terá entre as suas competências: a elaboração da políticas da Secom; orientar e acompanhar o Irdeb; reencaminhar denúncias sobre abusos e violações de direitos humanos nos veículos de comunicação; fortalecimento dos veículos de comunicação comunitária; articular a distribuição das verbas publicitárias do Estado seja baseada em critérios técnicos de audiência e que garantam a diversidade e pluralidade.
Durante café da manhã com os movimentos sociais no dia da votação, o Secretário de Comunicação, Robinson Almeida, alegou que o governo teve maior trabalho em costurar o apoio ao conselho com setores empresariais "isolados" que tentaram influenciar até deputados da base govenistas a serem contrários a proposta. Durante a sessão na Assembleia nenhum deputado de oposição subiu a tribuna para criticar o conselho e foram aprovadas duas emendas na composição, uma que criou vaga para jornalismo digital e outra para os movimentos sociais.
Secretaria
A estrutura da Secom foi discutida pela primeira vez com as organizações no dia da votação, enquanto os empresários haviam discutido duas semanas antes com o governo. Já os termos da transferência do Irdeb para a Secom só foram apresentados a noite, já no plenário pelo relator da reforma administrativa.
Além da falta de diálogo, os movimentos concentraram as críticas na fragilidade administrativa da pasta, em especial para executar políticas públicas demandadas pela Conferência Estadual e dar autonomia ao Irdeb. Durante o encontro o governo tentou contornar as críticas ao apresentar um organograma com uma assessoria para as políticas públicas que não consta no projeto de lei.
O projeto determinou a criação de duas coordenações ligadas a secretaria, de comunicação integrada e jornalismo, além de uma diretoria geral. As três são responsáveis por atribuições da antiga Assessoria Geral de Comunicação. Julieta Palmeira, do Instituto Barão de Itararé, qualificou o órgão como "desnutrido". Já Niltom Lopes da Cipó Comunicação Interativa reforçou que o movimento social reivindicou e formulou a Conferência e o Conselho, mas não foi contemplado na Secom com estrutura para tocar questões como inclusão digital.
Everaldo Monteiro do Sindicato dos Trabalhadores de Rádio, TV e Publicidade do Estado da Bahia (Sinterp) defendeu que as verbas publicitárias não devem ser direcionadas para veículos que desrespeitam a legislação trabalhista ou estão atuando com outorgas irregulares. Martiniano Costa, presidente da CUT-BA, solicitou ao secretário estrutura autônoma para atender as demandas da radiodifusão comunitária.
Robinson Almeida respondeu às críticas dizendo que a nova estrutura é a mais avançada neste quesito do país, a exceção da Secom da Presidência República. O secretário também passou a responsabilidade às rádios comunitárias pela ausência de políticas voltadas para o segmento, pois segundo Almeida, elas precisam se "organizar" para pleitear as verbas que são destinadas a publicidade nos veículos comerciais.

Paulo Bernardo reafirma que nova lei de comunicação é prioridade

Agência Câmara de Notícias

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a formulação de novas leis para o setor é uma das prioridades de sua pasta, juntamente com a disseminação da internet de alta velocidade e o gerenciamento dos comitês de inclusão digital do governo federal. O ministro participa neste momento de reunião da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular.
Paulo Bernardo afirmou que o projeto do governo do novo marco regulatório do setor (Plano Nacional de Comunicação) ainda será modificado e revisado antes de ser enviado ao Congresso.
Na área de rádio e TV, o ministro afirmou que o governo está mudando os processos burocráticos para acelerar a avaliação dos cerca de 34 mil pedidos de concessão. A meta, segundo Paulo Bernardo, é praticamente zerar esse número daqui a um ano e meio. Ele afirmou também que estão sendo feitas mudanças nas regras de concessão para evitar que laranjas encubram os verdadeiros donos dos canais de rádio e televisão.
O ministro também ressaltou que é preciso investimentos de cerca de R$ 7 bilhões ao ano para a criação de redes regionais que permitam a popularização de internet em alta velocidade nas cidades brasileiras. Ele destacou que haverá uma parceria entre os setores público e privado para investir na internet banda larga.
A reunião com o ministro ocorre no plenário 10.

Reportagem - Ginny Morais/Rádio Câmara
Edição - Pierre Triboli

Foto: Lula Lopes

Relação de entidades da sociedade civil que aderiram à Frentecom

 Atualizada em 26.04.2011 às 19h
1.    Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI)
2.    Aliança de Controle do Tabagismo (ACTbr)
3.    Artigo 19
4.    Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM)
5.    Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO NACIONAL)
6.    Associação Brasileira de Tvs e Rádios Legislativas (ASTRAL)
7.    Associação Cultural e Beneficente Ilê Mulher
8.    Associação de Rádios Públicas do Brasil (ARPUB)
9.    Associação dos Juízes Federais (AJUFE)
10.    Associação dos Proprietários e Amigos do Condado de Maricá (APAC)
11.    Associação Juízes para Democracia (AJD)
12.    Associação Mulheres na Comunicação
13.    Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC BRASIL)
14.    Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
15.    Campanha pela Ética na TV
16.    Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
17.    Central Única dos Trabalhadores (CUT)
18.    Central Única dos Trabalhadores/RS (CUT-RS)
19.    Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos em Luta pela Paz (CEBRAPAZ)
20.    Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF)
21.    Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
22.    Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio (CRIAR BRASIL)
23.    Cipó - Comunicação Interativa
24.    Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
25.    Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (CONAJIRA/FENAJ)
26.    ComunicAtivistas
27.    Conselho Federal de Psicologia (CFP)
28.    Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP)
29.    Conselho Regional de Psicologia do Paraná
30.    Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS)
31.    Cultura Digital e Democracia
32.    Diretório Central dos Estudantes da UnB (DCE-UnB)
33.    Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOS)
34.    Federação Interestadual dos Trabalhadores em Rádio e TV (FITERT)
35.    Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (FITTEL)
36.    Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
37.    Fórum Brasileiro de Economia Solidária
38.    Fórum de Comunicação Democrática do Sul Fluminense
39.    Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)
40.    Frente Nacional pela Valorização das TVs do Campo Público (FRENAVATEC)
41.    Frente Paranaense pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação (Frentex/Paraná)
42.    Geledês – Instituto da Mulher Negra
43.    Instituto Alana
44.    Instituto Bem Estar Brasil
45.    Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC)
46.    Instituto Comunidade Praia Verde
47.    Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia
48.    Instituto Nupef (Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação)
49.    Instituto Patrícia Galvão
50.    Intersindical
51.    Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
52.    Liga Brasileira de Lésbicas (LBL)
53.    Marcha Mundial das Mulheres (MMM)
54.    Ministério Público Democrático (MPD)
55.    Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)
56.    Movimento Negro Unificado (MNU)
57.    Movimento Negro Unificado do Gama (Monuga)
58.    Movimento Pró-Conselho de Comunicação do DF
59.    Observatório da Mulher
60.    Oficina de Imagens – Comunicação e Educação
61.    Partido Pirata do Brasil
62.    Portal Câmara em Pauta
63.    Rádio Comunitária Cantareira FM (São Paulo/SP)
64.    Rádio Comunitária Coité Livre FM (Coité/BA)
65.    Rádio Comunitária Friburgo FM (Nova Friburgo/RJ)
66.    Rádio Comunitária Independência FM (Independência/CE)
67.    Rede de Mulheres em Comunicação
68.    Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
69.    Sindicato dos Bancários da Bahia
70.    Sindicato dos Jornalistas do Estado de Mato Grosso
71.    Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro
72.    Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF
73.    Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
74.    Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (SINDPETRO-RJ)
75.    Sindicato dos Professores do DF
76.    Sindicato dos Químicos de São Paulo
77.    Sindicato dos Radialistas do DF
78.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV no Estado da Bahia
79.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV no Estado de Goiás
80.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV no Estado de São Paulo
81.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV no Estado de Sergipe
82.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV no Estado do Espírito Santo
83.    Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão no DF
84.    Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE-RJ)
85.    SOS CORPO – Instituto Feminista para a Democracia
86.    TV Comunitária de Bauru
87.    TV Comunitária de Blumenau (TV Galega)
88.    TV Comunitária de Florianópolis (TV Floripa)
89.    TV Comunitária de Itapetininga
90.    TV Comunitária de Mogi das Cruzes
91.    TV Comunitária de Niterói
92.    TV Comunitária de Petrópolis (Vila Imperial, Cidadania e Ética)
93.    TV Comunitária de Taubaté (TV Cidade)
94.    TV Comunitária de Uberaba
95.    TV Comunitária de Uberlândia
96.    TV Comunitária do DF
97.    TV Comunitária Vale das Artes (Peruíbe/SP)
98.    União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC–Brasil)
99.    Viração Educomunicação

terça-feira, 26 de abril de 2011

Grande mídia: mudança à la Lampedusa

Mude-se o que for necessário na doutrina liberal desde que, protegida pela falácia de que “o poder” é apenas “o poder do Estado” e apoiada na eterna retórica da defesa da democracia, a grande mídia e os interesses que representa e defende continuem intocados.
Venício Lima
Desde a publicação do relatório da Hutchins Commission – “A free and responsible press” (Uma imprensa livre e responsável) – nos Estados Unidos, em março de 1947, a justificativa predominante (não a única) para o importante papel da mídia nas democracias liberais é a chamada “teoria da responsabilidade social da imprensa” (RS).

Como se sabe, a Hutchins, uma iniciativa dos próprios empresários de mídia, por eles financiada, foi criada em 1942 como resposta a uma onda de críticas diante da crescente oligopolização do setor e da formação das redes de radiodifusão (networks). Tornava-se cada vez mais difícil sustentar a doutrina liberal clássica do mercado livre de idéias (a free marketplace of ideas) onde a liberdade de expressão seria exercida por cidadãos e grupos empresariais de mídia em igualdade de condições. A saída foi a criação da teoria da RS.

Centrada no pluralismo e na diversidade de idéias – agora não mais no mercado, mas deslocados para dentro dos próprios veículos, regidos pelo profissionalismo, objetividade e imparcialidade das notícias – a Hutchins acreditava que a teoria da RS seria capaz de legitimar o argumento de que a liberdade da imprensa é uma extensão da liberdade de expressão individual [cf. nesta Carta Maior, 
“A responsabilidade social da mídia”].

Condição para o funcionamento da teoria da RS
Não só nos EUA, mas, sobretudo, em países europeus com forte tradição de imprensa partidária, a teoria da RS passou, no entanto, a enfrentar sérias dificuldades e a doutrina liberal clássica teve que se render à intervenção do Estado no mercado para garantir e estimular a concorrência através de agencias reguladoras independentes.

Teóricos da democracia liberal como Giovanni Sartori, por exemplo, afirmam que uma das condições que permitem uma opinião pública relativamente autônoma é “uma estrutura global de centros de influência e informação plurais e diversos”, isto é, uma “estrutura policêntrica dos meios de comunicação”.

De qualquer forma, o vínculo entre liberdade de expressão, liberdade da imprensa e democracia passa pela crença liberal de que o livre debate feito por indivíduos racionais e bem informados no mercado de idéias conduzirá necessariamente à formação de uma opinião pública independente capaz de tomar as melhores decisões para o conjunto da sociedade e, mais ainda, à prevalência da verdade. E uma das premissas para a formação de uma opinião pública independente, é a existência de competição entre os meios de comunicação.

Dessa perspectiva, a liberdade da imprensa encontraria sua justificativa na medida mesma em que permitisse a circulação da diversidade e da pluralidade de idéias existentes na sociedade – vale dizer, garantisse a universalidade da liberdade de expressão individual no debate público.

Nova proposta
O jornal “El Clarin” de Buenos Aires, em conflito aberto com o governo Kirchner – e vice-versa – publicou em sua página editorial, no dia 24 de abril, o artigo “El periodismo, infraestructura de la democracia” do executivo italiano Carlo De Benedetti, ex-Olivetti e ex-Pirelli, e atual presidente do Grupo Editorial L’Expresso.

No artigo, De Benedetti introduz um novo argumento sobre o papel da mídia nas democracias contemporâneas. Diante do “fluir anárquico de la información online, en el bombardeo continuo de datos que nos llegan en forma de bytes o píxeles”, argumenta ele que somente

“el buen periodismo puede seleccionar, ordenar, interpretar y proponer a los ciudadanos una representación de la realidad que les permita participar en la vida pública y ejercer el necesario control sobre el poder . Sin esa función esencial — y es la historia que estamos viviendo en nuestras sociedades occidentales — la multiplicación infinita de un saber aparente se traduce en un ruido de fondo invasivo, en cuyo efecto alienante se afirman los peores liderazgos populistas. Ese es el gran riesgo que enfrentamos”.

Para De Benedetti, portanto, não é mais a pluralidade e a diversidade na circulação de idéias, vale dizer, a universalização do direito à comunicação – que muitos de nós acredita estar sendo estimulada pelas novas TICs, sobretudo, pela internet – que fortalece a democracia. Ao contrário, são necessárias “personas intelectualmente preparadas, que sepan encontrar, seleccionar, ordenar e interpretar las noticias” e que garantam “una función esencial (da mídia), sin la cual no sólo desaparecería la gran información, sino que se vería castigada la democracia misma”.

O artigo termina afirmando que “quizás hasta ayer el rol del periodista estaba más en buscar la noticia, hoy en cambio está en seleccionarla e interpretarla. Pero la función de perro guardián frente al poder sigue intacta” [cf. 
http://www.clarin.com/opinion/periodismo-infraestructura-democracia_0_468553234.html ].

À la Lampedusa
É impossível ler o artigo de Carlo De Benedetti no “Clarin” e não se lembrar da máxima de Tomasi di Lampedusa no clássico “Il Gattopardo”: “é preciso mudar, para continuar tudo como está”.

Vale dizer, mude-se o que for necessário na doutrina liberal desde que, protegida pela falácia de que “o poder” é apenas “o poder do Estado” e apoiada na eterna retórica da defesa da democracia, a grande mídia e os interesses que representa e defende continuem intocados.

Venício A. de Lima é professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Erundina é eleita coordenadora da frente pela liberdade de expressão

deputada Luiza Erundina (PSB-SP) foi eleita há pouco, por unanimidade, coordenadora-geral da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. Ao tomar posse, ela reafirmou o compromisso do grupo de defender a regionalização da programação como forma de democratizar a mídia.

Erundina defendeu ainda a retomada das atividades do Conselho de Comunicação Social do Congresso, órgão consultivo cujas atividades estão paralisadas há cinco anos.

O evento de lançamento da frente parlamentar já foi encerrado no auditório Nereu Ramos.
Reportagem – Karla Alessandra/Rádio Câmara
Edição – Marcelo Oliveira

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